sábado, 4 de dezembro de 2010

INSUFICIÊNCIA

ENSAIOS de Vida e Morte!
23 DE SETEMBRO DE 2010.
INSUFICIÊNCIA



A água do cai vagarosamente sob sua cabeça, escorrendo por seus cabelos suados e eternamente desgrenhados, coberto pelos vestígios de sua última tarde ao lado de seu grande amor. Ao acariciá-los ele traz a tona aquele desejo voraz que há poucos instantes transbordava de seu corpo.
Ali naquela casa, eles haviam construído um mundo paralelo, um mundo onde nada mais importava, só havia lugar para seus corpos suados e a intensa paixão que os levavam a ficarem dias trancados se entregando ao mais intenso, profundo, molhado e extremo amor.
Com extrema sutileza, ele desliza suas mãos por seu corpo na busca de encontrar um vestígio qualquer de seu grande amor, um fio de cabelo talvez. Em meio a sua busca ele encontra novamente o prazer, não um prazer simples e mundano levado pelo simples fato de estar se tocando, este prazer que o invadia era resultado de uma complexa combinação: onde o resto do aroma da tão prazerosa relação misturava-se com seu próprio cheiro. Levava sua mente aos mais delirantes devaneios embalados pelas recordações. Enquanto a água corria por seu corpo ele pensava e não conseguia se lembrar de uma outra época que tivesse conhecido tanto prazer ou de um outro corpo tão fascinante ou pele tão macia e perfumada, só conseguia pensar na sua última tarde, via os corpos que se espremiam e escorregavam um no outro em um constante frenesi. Recordou-se com riqueza de detalhe o momento inicial da triunfal penetração, pode sentir na pele cada milímetro, daquele pequeno, rosado, suculento e delicado orifício, que remetiam a um pequeno vão entre as nuvens no céu e que pouco a pouco ia se dilatando para receber o faminto falo.
As costas cobertas pelo suor ressaltavam ainda mais aquela fabulosa tatuagem que ele mesmo um dia havia desenhado. Cada curva do desenho criado com maestria e carinho, imerso em um profundo anseio de um dia poder vê-la assim, liberta e entregue por completo a suas carícias, assim de bruços com suas delicadas nádegas empinadas, como dois fartos e delicados montes, maravilhosamente cobertos por seus delicados e finos pelos loiros transformavam aquela visão na mais fascinante e excitante imagem que poderia ser captada pelos olhos de um simples mortal, digna de ser eternizada. De uma coisa ele tinha certeza: aquela era a imagem que ele iria guardar deste louco amor, exatamente assim como via, aquela casa com os lençóis bagunçados sob a cama e aquele fabuloso corpo que repousava nesta espécie de ninho de amor entregue e clamando para ser mais uma vez possuído.
Ele acariciou seus cabelos e deslizou as mãos vagarosamente pelos ombros descendo pelas costas, um visível frison é eminente, ele repousa as mãos em seu sexo, mas não antes de acariciar incessantemente sua bunda deixando seu corpo ainda mais encharcado de suor.
Aquilo era amor em sua essência mais intensa e visceral, para eles nada era proibido, sujo ou imoral, eram dois corpos entregues aos seus anseios e desejos mais primitivos, eram homem e mulher na mais perfeita definição da palavra, satisfaziam-se, gozavam e amavam, abraçados comprimiam seus corpos cada vez mais como se quisessem transformar-se em um só, e este era o anseio de suas almas... Serem um, unidos eternamente.
Mas o tempo que tudo engole e devora, sentiu inveja de tamanho amor e por mais que dentro daquela casa o tempo não existisse, ele ainda era o senhor do lado de fora.
E assim invejoso e rancoroso o tempo tanto fez que venceu as barreiras e invadiu a casa, e ali estava ele agora, sozinho vendo seu amor em cada canto daquela casa, dentro de cada peça de roupa. E ele é só pensamentos e recordações... Pensa se todo o tempo em que esteve nos braços e entre as pernas do seu doce e pequeno amor foi o suficiente para satisfazer sua alma, pensa se amou e se deixou ser amado o bastante para toda uma vida.
Se pergunta se podia ter se entregue mais, se podia ter amado mais e sempre se perguntará se esta história vivida da forma que foi... Foi suficiente?


Digitado em 25/09/2010 – 00h52m
Leia ouvindo – Broken (Trifonic - Emergence)

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